O puto esfregou as ramelas recalcitrantes, fungou duas vezes a desafiar nos ouvidos o comboio que partia, puxou para cima os calções que teimavam em cair e correu desabrido, escorregando na terra solta monte acima para, da pequena elevação, enfrentar o sol tardio e, então, de punho cerrado e erguido, olhar a sua sombra imensa que escurecia a terra avermelhada até atravessar sem cuidado lá no fundo, a linha do comboio.
Admirado por ser tão grande ante a natureza e as coisas dos Homens, gritou:
- Pai!... Mãe!... Vocês geraram um monstro!
Lisboa, Outubro de 1996
João Rodrigues
" Sombra Imensa"..
ResponderEliminarSe Lermos com calma veremos que apesar das poucas linhas.. tem todo um significado.
Eu gosto pois tive que ler várias veses até entender o espírito da leitura.. ás veses uma página inteira é muito fácil de entender, e uma frase não, talvés seja o própio autor que o coloque assim, não sei.. Mais gosto quando tudo não é muito fácil para mim...
Parabéns ao autor: João Rodrigues.